quinta-feira, 3 de julho de 2008

Por Dentro do Inferno

Apesar dos poucos recursos de que disponho, procurarei, senão responder dogmaticamente à temática, trazer um pouco de luz sobre a existência e a não-existência de um inferno de fogo.
O que vou expor neste espaço, é parte das respostas que enviei a um participante de uma comunidade da qual participo numa comunidade de relacionamento.
Esse participante questionou a existência de um infenro de fogo através de algumas perguntas que me levaram a posicionar-me direta e pessoalmente sobre o assunto em questão. Esse é meu posicionamento à pergunta: A expressão "fogo do Inferno" deve ser entendida de modo literal ou figurada?
À seguir, respostas às perguntas feitas a mim por um participante de uma comunidade de relacionamento.


INTRODUÇÃO


Olá "Carlos". Obrigado por responder neste fórum sobre um assunto tão complexo ou "paradoxal" como pensem.
À pergunta "A expressão "fogo do inferno" deve ser entendida de modo literal ou simbólica?" recebi algumas respostas tais como: literal, simbólica ou o inferno não existe.
Você parece não acreditar na existência de um inferno de fogo onde almas impenitentes sofrem pelo mau que cometeram.
Nem eu acredito, tampouco.
Como já afirmei, resumindo minhas palavras:
"O LUGAR É REAL, O TORMENTO É ETERNO, MAS A LINGUAGEM "FOGO" É FIGURADA".


I. A REALIDADE DE UM INFERNO DE FOGO
Esclarecerei, a seguir, o que quis dizer com:

1. "Lugar real".
Acredito que o inferno seja um lugar tão real quanto o céu. Se o céu é entendido como um lugar real, por quê o inferno não poderia?Levando-se em conta o fato de que a palavra "inferno" foi utilizada como tradução para vários termos primitivos - "sheol, hades, geena e tártaro" (a Nova Versão Internaciona traduz melhor os termos) devo considerar que, dependendo do relato Bíblico estudado, a palavra "inferno" se refere a:

a.) Estado Intermediário: Onde a alma e o espírito ficam destituidos de seu corpo permanente aguardando juízo e em sofrimento consciente (Lc 16.23;I pe 3.19;2 Pe 2.4,9), não devendo-se levar em consideração o que afirmam alguns que apregoam que justos e ímpios dormem entre a morte física e a ressurreição.
As Escrituras tão-somente dizem que os mortos "dormem" (Dn 12.2;1 Ts 4.14) utilizando-se, assim, da linguagem das aparências, e literalmente aplica-se somente ao corpo.

b.) Estado de Punição Eterna: Onde, como afirma as Escrituras, "...todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo" (Apocalipse 20:15) e onde "...a morte e o hades foram lançados no lago de fogo.
Esta é a segunda morte..." (Apocalipse 20:14).

2. "Tormento eterno".
O Estado de Punição Eterna denota "tormento eterno".
De que modo seria esse tormento? Creio que quando se fala de "fogo eterno" vem logo à mente a imagem do inferno de Dante Alighieri .
Pessoas sendo torradas pelo fogo e torturada por demônios macabros.
Se o lago é de fogo, como diz as Escrituras, devemos imaginar milhares de pessoas submergindo em lavas semelhantes as lavas vulcânicas?
Ou quem sabe tendo lavas entrando pelos ouvidos, boca e nariz?
Não precisamos chegar ao extremo de um literalismo cego.
Entretanto, não devemos enveredar por um caminho que dá um sentido metafórico a tudo que se mostre difícil de se compreender.
Inúmeras pessoas crêem na existência da Santíssima Trindade sem, no entanto, compreender bem essa doutrina.
Todo simbolismo trás consigo uma interpretação literal ou real, embora, nem tudo deva ser entendido de modo literal.
O perturbador fato de termos consciência de que estamos banidos para sempre da presença de Deus, já seria suficiente para nos fazer sofrer os mais terríveris horrores emocionais que se tornam razões do nossa mal-estar físico num lugar como o "lago de fogo". "...lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes" (Mateus 13:50)."
Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora" (Lucas 13:28).

3. "A linguagem 'fogo' é figurada".
"Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno" (Mateus 5:22).
A parte final desse versículo diz: "... será réu do fogo do inferno".Esse fogo deve ser entendido de modo literal? NÃO.
Trata-se de linguagem figurada.Entre outros significados, nas Escrituras, a palavra "fogo" é sinônimo de castigo, juízo ou punição.

a.) Assim foi com Sodoma e Gomorra, destruida pelo fogo: "Então o Senhor, da sua parte, fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra" (Gênesis 19:24). Nessa passagem, tanto o juízo quanto o fogo são entendidos de modo literal.

b.) "...e que toda a sua terra é enxofre e sal e abrasamento, de sorte que não será semeada, e nada produzirá, nem nela crescerá erva alguma, assim como foi a destruição de Sodoma e de Gomorra, de Admá e de Zeboim, que o Senhor destruiu na sua ira e no seu furor" (Deuteronômio 29:23).
Observamos, analisando os capítulos anteriores, que caso o povo israelita se mantivesse fiel a Deus, ELE o abençoaria; caso contrário, Deus enviaria enxofre e fogo do céu sobre eles. Entretanto, Deus nunca enviou fogo sobre a nação israelita, nem a A Terra da Promessa se tornou sal (literalmente falando).
A explicação vem no fraseado "...de sorte que não será semeada, e nada produzirá, nem nela crescerá erva alguma..."; ou seja, eles não teriam colheita alguma pois a terra não mais produziria para eles.
Trata-se, aqui, de um fogo e enxofre metafórico, significando "seca" ou "não produtividade de suas terras", mas com um cumprimento real.Assim é que apesar da linguagem figurada, esta descreve um terrível banimento da presença de Deus e de seu Cristo.
Alguns defendem a tese do "aniquilacionismo", segundo o qual, os ímpios serão aniquilados ou extintos, literalmente falando.
Não é verdade. Em Mateus lemos: "E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna (Mateus 25.46)".
Se os justos desfrutarão da vida eterna é claro que os ímpios sofrerão o castigo eterno.